NEM PALÁCIO NEM POSADA



As luzes se acendem. O silêncio cai. Meninos e meninas sentam-se no chão esperando a peça começar. Finalmente começa. O narrador inicia a história. Uma história simples, fácil de entender e interpretar para a turma que a faz. Mal dura quinze minutos. No final, alegria no rosto dos meninos e meninas que o executam e muitos aplausos do público. Uma vez a sós, discutimos nosso desempenho na assembléia. Vemos os erros, comentamos a interpretação dos personagens, damos orientações para um melhor desenvolvimento do trabalho no futuro. Ao final da assembléia, surge uma última pergunta, senhor, quando realizamos a próxima? E isso me faz pensar. A ideia de incluir o teatro na minha sala de aula foi fruto do acaso. Queria completar uma oficina de literatura infantil com um gênero que mal tocamos em sala de aula, que é o teatro. A falta de trabalhos voltados para essas idades me fez tomar uma decisão. Eu mesmo escrevia a peça, adaptando-me às características dos filhos que tinha. Dessa forma, eles acessaram um gênero literário pouco representado. Sem experiência anterior, pesquisei no terreno, peguei o esquema básico de uma brincadeira infantil e criei a minha. Todos tinham um papel neles. Ainda me lembro, era a “História da sementinha”. Eu estava anotando os detalhes do desenvolvimento do trabalho e como os meninos e as meninas o estavam fazendo. Desses anos atrás. E nunca deixei de fazer teatro. Agora a classe que eu tenho é de cinco anos. Eles estão comigo desde os três anos de idade e é a quinta peça que preparo com eles. Eles já têm experiência teatral. Nota-se a facilidade e confiança em suas possibilidades. E tudo isso sem imposições e sem qualquer obrigação. Todos os meninos e meninas escolheram o personagem que mais gostaram e com o qual se sentiram melhor interpretando. E, além disso, por meio dessas interpretações que os deixam tão felizes, eles aprendem

Sim, através do teatro, consegui fazer com que os meninos e meninas da minha turma se conhecessem melhor, entendessem melhor como se sentem e por que se sentem assim, além de expressar melhor todo o seu mundo interior e o ambiente que os cerca.

Aposto no teatro pelas razões que aludi anteriormente. Meninos e meninas devem aprender a usar todos os meios de expressão ao seu alcance, entre eles, o teatro, devem aprender a conhecê-lo, a se expressar através dele, como acontece com as artes plásticas ou com a música. E sempre da base, para que ao chegarem ao ensino fundamental, essa experiência teatral esteja presente em trabalhos futuros, para que o teatro se torne, por que não? Em uma atividade extracurricular também tão importante quanto a música ou o futebol em suas vidas.

Recolhido como mais um meio de expressão a ser desenvolvido no currículo, aparece refletido nos objetivos e conteúdos. Tratamos de sua presença no currículo e de suas potencialidades formativas na seção seguinte.

A importância do teatro para a educação infantil já está refletida a partir dos objetivos gerais, na proposta pedagógica. Englobada na área das línguas como mais uma linguagem a desenvolver e referida como dramatização infantil, está inserida nos objetivos gerais e nos conteúdos que devem ser trabalhados. Trata-se, portanto, de ensinar as crianças a usar o teatro como outro meio de

expressão e assim aproveitar seu potencial formativo para o pleno desenvolvimento.

Atreva-se a apresentá-lo em sua sala de aula.